No último sábado (15), a banda Aerosmith se apresentou no Allianz Parque, em São Paulo; reunindo um público de aproximadamente 46 mil pessoas.
A grandiosidade e a competência musical da banda são inegáveis, que sempre foi sucesso de público em todos os lugares pelos quais passou. Porém, apesar de estar na estrada há pouco mais de 4 décadas, esse não foi um show comum para os fãs e nem para o próprio Aerosmith. Recentemente a banda anunciou o seu fim, deixando claro que essa seria a sua última turnê mundial. Com um gosto amargo na boca, os fãs da banda compareceram em peso e tiveram a última oportunidade de ver ao vivo uma das maiores bandas da década de 70.

A abertura do show ficou por conta da banda nacional de Hard Rock SIOUX 66, que cantou 7 músicas, algumas autorais como “Porcos”, e alguns covers como “O Calibre” de Paralamas do Sucesso. A banda tocou com energia e consistência durante a apresentação, mostrou o quanto vem evoluindo musicalmente e reforçou os motivos pelos quais vem conquistando um espaço importante fora da cena underground.
Apesar de aquecido, quem o público esperava ansiosamente mesmo era o Aerosmith, que um pouco depois das 21h abriu com a inesperada “Draw The Line”, do álbum de mesmo título. Mr Steven Tyler, de 68 anos chegou com sua calça xadrez e dourada, sapato azul, colete preto e inúmeros panos coloridos esbanjando vitalidade e energia; e com uma performance de dar inveja à muito marmanjo cantou “Love in Elevator” do album Pump de 1989.
Com refrãos que levantaram o público e que já prenunciavam o grande espetáculo, emendou com “Crying”, um dos maiores hits da banda. Outra surpresa no setlist foi a música “Eat The Rich” que agradou aos fãs mais adeptos do lado B da banda; que em seguida se juntaram aos outros milhares de fãs para em coro acompanhar Steven Tyler em “Crazy”, de 1993.
De volta ao lado B, a banda interpretou “Kings and Queens” lançada há 30 anos, e que apesar de não ser conhecida por boa parte do público, arrancou fortes aplausos. Outro grande hit foi “Livin On The Edge”, que além de levantar os fãs mostrou um Steven Tyler mais interativo com o público e mais entrosado com os companheiros de banda. Essa interação facilitou a performance de “Rats in the Cellar”, seguida de uma “Jam” onde era possível ver uma banda mais confortável e despreocupada em manter a pose.


Devido a inúmeros pedidos do público, Steven Tyler cantou à capella um pequeno trecho de “Hole in My Soul”, que não constava no setlist do show. O público emocionado, o acompanhou com um coro em uníssono e finalizou com aplausos e gritos.
Steven Tyler mostrou que ainda alcança notas altas sem muito esforço no hit “Dude (Looks like a lady)” e em “Monkey on my Back”; mas foi em “Pink” que o público se deliciou. Após o solo de bateria bem executado por Joey Kramer, Joe Perry ficou em evidência com a clássica “Rag Doll” de 1987; em seguida acompanhado por Steven na gaita e Brad Whitford na guitarra, Joe Perry assumiu os vocais com competência no magnífico blues “Stop messin’ around”, cover do Fleetwood Mac.
Após mostrar o seu lado blues, o Aerosmith veio com a desconhecida “Chip Away the Stone”; e para o delírio do público tocou a emocionante “I Don’t Want to Miss a Thing”, onde em meio aos versos já era possível notar as súplicas dos fãs para que a banda desistisse da ideia de aposentadoria.
Dois clássicos foram suficientes para que as lágrimas dessem lugar para uma energia contagiante, o cover “Come Together” dos Beatles e o sucesso “Walk This Way”, esse foi um dos momentos onde os Toxic Twins (apelido de parceria de Joe Perry e Steven Tyler) mostraram que apesar de qualquer desentendimento, a química entre eles continua forte.
Houve uma pausa para que o momento mais esperado do show (que veio como BIS) fosse preparado; e após o esforço da equipe da banda, o icônico piano de Steven Tyler foi arrumado na passarela. Ao redor já havia fãs chorando… de emoção, de tristeza e de alegria. O público vibrou quando a banda voltou e Steven Tyler sentou ao piano. Um trecho de “Home Tonight” e “You See Me Crying” foram tocados, e em seguida “Dream On” deu início ao momento mais catártico do show. A música foi tocada maravilhosamente com Joe Perry solando em cima do piano, e o público em lágrimas cantava junto com o vocalista, cuja voz já era difícil escutar nesse momento.
Para finalizar as quase 2 horas de show, a banda tocou “Sweet Emotion” acompanhada de um solo de Tom Hamilton, efeitos com gelo seco e chuva de papel picado com formato do logo da banda! Era o fim e todos da banda vieram à frente para serem apresentados e para dizerem adeus ao público. Apesar do possível “fim” a banda cumpriu a sua missão, e apesar da inevitável tristeza o público saiu maravilhado com o show; e esperançoso com os boatos de uma volta da banda para o RIR de 2017. E nos manteremos esperançosos porque depois desse show, chegamos à conclusão de que o vazio que a banda irá deixar não poderá jamais ser preenchido.
Setlist:
- Draw the Line
Love in an Elevator
03. Cryin’
04. Eat the Rich
05. Crazy
06. Kings and Queens
07. Livin’ on the edge
08. Rats in the Cellar
09. Dude (Looks Like a Lady)
10. Monkey on my Back
11. Pink
12. Rag Doll
13. Stop Messin’ Around
14. Chip Away the Stone
15. I Don’t Want to Miss a Thing
16. Come Together
17. Walk this Way - Bis
Dream on
19. Sweet Emotion
Por Tamara Ariane